Profissão Professor – Fatos Interessantes
Já perceberam como as palavras profissão e professor é parecido? Ambas surgiram da mesma raiz etimológica, já que o professor é a primeira das profissões e derivam do latim professum, que por sua vez vem do verbo profitēri, “declarar perante um magistrado, fazer uma declaração, manifestar-se; declarar alto e bom som, afirmar, assegurar, prometer, protestar, obrigar-se, confessar, mostrar, dar a conhecer, ensinar, ser professor” (Houaiss).
A profissão de professor é uma das mais antigas que existe, há 25 séculos o filósofo Sócrates foi professor de Platão, e ele não ensinava em uma escola, e sim em locais públicos como praças e ginásios. Sócrates obrigava seus discípulos a pensar, conversando e provocando-os com perguntas.
Em 355 a.C., Aristóteles fundou uma escola próxima ao templo de Apolo Lício, de onde recebeu seu nome: Liceu. Nessa época, em famílias mais ricas, era comum pagar pessoas com mais conhecimento para inserir os estudos em crianças. Aristóteles era mestre de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia. O filósofo romano Sêneca, a convite do imperador Cláudio, assumiu a educação de Nero.
Em 1549 surgiu a primeira escola do Brasil, em Salvador, fundada por jesuítas. Este mesmo grupo de jesuíta também fundou a segunda escola brasileira, em 1554, em São Paulo; data que marca também a fundação da cidade. Na cartilha do professor constava ensinar a ler, escrever, efetuar cálculos de matemática e aprender a doutrina católica.
No colégio de São Paulo Padre Anchieta ensinou latim aos índios, aprendeu tupi-guarani com eles e (seguindo a tradição missionária, que mandava assimilar e registrar os idiomas) escreveu a “Arte da Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil”, publicada em Coimbra em 1595.
Joaquim Manuel de Macedo, autor de “A Moreninha”, foi professor dos filhos de Pedro II. Uma curiosidade: Pedro II manifestou diversas vezes sua vontade de ser professor em vez de imperador. Macedo foi convidado a dar aulas aos filhos da Princesa Isabel, cargo que ocuparia até a morte e seu magistério foi exercido sem muito empenho. Consta que, enquanto fingia prestar atenção à lição que um aluno expunha, Macedo cuidava de escrever ou rever trechos de seus romances.
O educador, pedagogo e filósofo Paulo Freire continua sendo uma inspiração para gerações de professores, sendo o terceiro teórico mais citado em trabalhos acadêmicos no mundo na área de humanas. Você sabia que ele ensinou 300 cortadores de cana a ler e a escrever em apenas 45 dias? Ele desenvolveu um método inovador de alfabetização, vinculado ao nacionalismo desenvolvimentista do governo João Goulart.
Sempre houve a preocupação de professores em ensinar aqueles que precisavam de um pouco mais de atenção. Graham Bell, inventor do telefone, foi professor de escola de surdos-mudos. Em 1871, o pai de Bell foi convidado a treinar professores de uma escola de surdos em Boston, mas preferiu enviar o filho em seu lugar.
Bell foi para os EUA ensinar o método de pronúncia desenvolvido por seu pai. No ano seguinte, abriu sua própria escola para surdos e depois se tornou professor da Universidade de Boston. Nessa época começou a se interessar por telegrafia e a estudar modos de usar a eletricidade para transmitir sons.
Benjamin Constant, um dos pioneiros das ideias republicanas no Brasil, deu aulas para cegos e consolidou o instituto que dava apoio aos deficientes visuais como escola. Não à toa o primeiro educandário para cegos na América Latina leva seu nome.
A educação oficial no Brasil começa em 15 de outubro de 1827, com um decreto imperial de D. Pedro I, que determinava que “todas as cidades, vilas e lugarejos tivessem suas escolas de primeiras letras”. É por causa desse decreto, inclusive, que o Dia do Professor é comemorado no dia 15 de outubro. A data, contudo, só foi oficializada em 1963.
O acesso à educação, porém, ainda era muito restrito na época do Império. Apenas famílias ricas tinham condições de contratar professores para educar seus filhos. Esses profissionais ou atuavam em escolas privadas ou vendiam conhecimento de forma independente.
Apenas a partir dos anos 30, com o surgimento dos grupos escolares, foi que o ensino público gratuito passou a se organizar e atender mais alunos. Nessa época o poder público passou a se responsabilizar efetivamente pela educação das crianças. Assim houve a expansão e interiorização dos grupos escolares e as primeiras escolas de formação superior de professores em licenciaturas surgiram.