Estudo da Unimes revela incidência de dores de cabeça em mulheres durante a menopausa
Dados foram coletados para dissertação de Mestrado em Saúde e Meio Ambiente, na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes)
Qual a prevalência de enxaqueca e demais cefaleias em mulheres durante a menopausa? A pergunta levou ao tema de estudo, em dissertação do curso de Mestrado ‘Saúde e Meio Ambiente’, da Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). Apresentado no fim de 2016 e publicado recentemente na revista Arquivos de Neuro-Psiquiatria (SciELO), o estudo aponta que 86,4% das pacientes apresentaram dores de cabeça, sendo a enxaqueca presente em 14,4% delas.
A pesquisa contou com a participação de 103 mulheres, moradoras da Baixada Santista, como Santos, São Vicente, Cubatão e Praia Grande. Em seguida, foram divididas em dois grupos, compostos pelas mulheres que manifestam enxaqueca e as que apresentam outros tipos de cefaleia (dor de cabeça) para a aplicação de um questionário específico. Entre as variáveis do estudo, foi avaliada a quantidade de dias em que a mulher tinha suas atividades sociais e familiares de seu cotidiano afetadas pela doença, num período de três meses.
“Descobrimos que a enxaqueca causa um grau maior de incapacidade que as outras cefaleias, e infelizmente, pode persistir na menopausa, ao contrário da expectativa de muitas delas quando chegam nesta fase”, avalia a pesquisadora Paula Carturan, egressa do mestrado e professora do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia, no curso de Medicina da Unimes.
A prevalência de cefaleia encontrada em mulheres moradoras em Santos e Região (86,4%) é considerada acima da média nacional: em dados gerais, 70% da população brasileira apresenta incidência da doença. Os resultados, na visão da autora, podem contribuir para estudos mais aprofundados sobre o assunto. “Quem sabe outros pesquisadores não consigam se aprofundar sobre possíveis impactos climáticos e geográficos da região da Baixada Santista em relação às cefaleias destas mulheres?”, indagou.
O trabalho também aponta que 39% das pacientes relataram a piora no quadro de enxaqueca apresentado em seus últimos períodos menstruais, e 28,6% das entrevistadas também alegaram ter tido uma frequência de um a dois ataques de dor de cabeça por mês. Conforme a pesquisadora, foi notada, também, uma relação entre a cefaleia com outros quadros mentais. “Aquelas que apresentavam ter outros tipos de dores de cabeça, sem ser a enxaqueca, mostraram ter também manifestações intermediárias de ansiedade e depressão”, explica Paula Carturan.
Orientada pela professora Drª Yara Dadalti Fragoso, professora-titular do Departamento de Neurologia da instituição, a dissertação foi um dos primeiros trabalhos aprovados da primeira turma da pós-graduação strictu sensu de Saúde e Meio Ambiente, da Unimes. Em função da carência de literatura sobre mulheres neste período fisiológico, a proposta foi aprofundar a pesquisa. “Se considerarmos a expectativa de vida das mulheres, elas vão passar cerca de 25 a 30 anos de suas vidas na menopausa, o que é um período bastante turbulento na vida delas”, conclui a egressa.